quarta-feira, 7 de março de 2018

Sim, ao desarmamento (6).



Em geral, quem defende o fim do Estatuto do Desarmamento e acha que todos devem se armar, como uma forma torta de autodefesa, está pensando apenas no revide à bala, ou seja, se o bandido está armado, eu tenho que me armar para recebê-lo logo à bala.

Todo conhecimento fragmentado e isolado pode tornar-se uma forma de ignorância, quando resiste a integrar-se em uma visão mais ampla da realidade. +

Isto significa que essa única visão (caolha) de ter uma arma para se defender de um criminoso é, de fato, uma ignorância das várias outras vertentes dessa questão e que aqueles que pregam o fim do desarmamento não querem sequer ouvir, preferindo ser levados à cabresto pelos reais interessados : os fabricantes e comerciantes de armas.

É perfeitamente normal, claro, se pensar em vingança, em devolver “olho por olho”, uma violência sofrida covardemente por um inocente, mas esta primeira intenção tem que ser contida por algo que só nós, seres humanos, temos e que nos diferencia de animais: a inteligência, a capacidade de pensar, de descobrir formas de resolver problemas que não passem pela busca egoísta de uma satisfação - se é que se pode chamar assim - imediata.

A mesma inteligência que utilizamos para um enorme desenvolvimento tecnológico deve ser capaz de conseguir encontrar formas eficazes de resolver as graves dificuldades e problemas sociais e legais que cercam toda essa violência criminosa que tanto afeta a sociedade.

Não é possível que toda essa inteligência de que somos dotados defina que armar todas as pessoas seja a solução para o problema da criminalidade. Você acha mesmo que armar todo mundo vai resolver, ou pelo menos ajudar? Use a sua inteligência e pense se é isso mesmo!

A quem interessa que as leis continuem beneficiando tanto os criminosos, de forma que progressivamente os coloquem de novo nas ruas?
A quem interessa prisões desumanas que ao invés de ao menos tentar ressocializar, sejam verdadeiras universidades do crime?
A quem interessa que as penas sejam revogadas e adiadas por benesses incompatíveis com o objetivo das próprias penas?
A quem interessa que a população mais necessitada continue à mercê de uma saúde pública sucateada?
A quem interessa que as crianças, os jovens não tenham acesso à uma educação pública  de qualidade desde o início da vida estudantil?

E tantas outras questões que fazem parte do problema.

O Estatuto do Desarmamento não é – e nunca foi essa a intenção – a solução final para o problema da criminalidade, mas foi e é um passo enorme para essa solução e precisa tanto de outras ações companheiras, quanto precisa continuar vivo em todas as suas determinações.

O Estatuto do Desarmamento não pode acabar e nem ser desfigurado.

Sim, ao desarmamento!