Em geral, quem defende o fim do Estatuto do Desarmamento e
acha que todos devem se armar, como uma forma torta de autodefesa, está
pensando apenas no revide à bala, ou seja, se o bandido está armado, eu tenho
que me armar para recebê-lo logo à bala.
Todo conhecimento fragmentado e isolado pode tornar-se uma
forma de ignorância, quando resiste a integrar-se em uma visão mais ampla da
realidade. +
Isto significa que essa única visão (caolha) de ter uma arma
para se defender de um criminoso é, de fato, uma ignorância das várias outras
vertentes dessa questão e que aqueles que pregam o fim do desarmamento não
querem sequer ouvir, preferindo ser levados à cabresto pelos reais interessados
: os fabricantes e comerciantes de armas.
É perfeitamente normal, claro, se pensar em vingança, em
devolver “olho por olho”, uma violência sofrida covardemente por um inocente,
mas esta primeira intenção tem que ser contida por algo que só nós, seres
humanos, temos e que nos diferencia de animais: a inteligência, a capacidade de
pensar, de descobrir formas de resolver problemas que não passem pela busca
egoísta de uma satisfação - se é que se pode chamar assim - imediata.
A mesma inteligência que utilizamos para um enorme
desenvolvimento tecnológico deve ser capaz de conseguir encontrar formas
eficazes de resolver as graves dificuldades e problemas sociais e legais que
cercam toda essa violência criminosa que tanto afeta a sociedade.
Não é possível que toda essa inteligência de que somos
dotados defina que armar todas as pessoas seja a solução para o problema da
criminalidade. Você acha mesmo que armar todo mundo vai resolver, ou pelo menos
ajudar? Use a sua inteligência e pense se é isso mesmo!
A quem interessa que as leis continuem beneficiando tanto os
criminosos, de forma que progressivamente os coloquem de novo nas ruas?
A quem interessa prisões desumanas que ao invés de ao menos
tentar ressocializar, sejam verdadeiras universidades do crime?
A quem interessa que as penas sejam revogadas e adiadas
por benesses incompatíveis com o objetivo das próprias penas?
A quem interessa que a população mais necessitada continue à mercê de uma saúde pública sucateada?
A quem interessa que as crianças, os jovens não tenham acesso à uma educação pública de qualidade desde o início da vida estudantil?
E tantas outras questões que fazem parte do problema.
A quem interessa que a população mais necessitada continue à mercê de uma saúde pública sucateada?
A quem interessa que as crianças, os jovens não tenham acesso à uma educação pública de qualidade desde o início da vida estudantil?
E tantas outras questões que fazem parte do problema.
O Estatuto do Desarmamento não é – e nunca foi essa a
intenção – a solução final para o problema da criminalidade, mas foi e é um
passo enorme para essa solução e precisa tanto de outras ações companheiras,
quanto precisa continuar vivo em todas as suas determinações.
O Estatuto do Desarmamento não pode acabar e nem ser desfigurado.
Sim, ao desarmamento!
O Estatuto do Desarmamento não pode acabar e nem ser desfigurado.
Sim, ao desarmamento!