sábado, 24 de junho de 2017

Vergonha alheia

                   


”Homem, quem você é? Já não o reconheço.
Quem você é, homem? Quem se tornou?
De que horrores foi capaz?
O que o fez cair tão baixo?”

(Papa Francisco, discurso em Jerusalém, 26/05/2014)


     Vejo as notícias de que hospitais importantíssimos para o cuidado da saúde da população estão reduzindo alguns serviços e até mesmo em risco de encerrar atividades, por falta de verba – muitas vezes de pouco vulto no orçamento de Municípios, Estados e da União - , e tudo por culpa de má-gestão ou gestão fraudulenta de autoridades governamentais, de políticos ora incompetentes, ora corruptos.

     São os casos, por exemplo, do Hospital Universitário Pedro Ernesto-RJ, do Hospital do Coração do Cariri-CE.

     Isto  me faz sentir vergonha!

     Vejo políticos que, apesar da alta confiança neles depositada por uma parcela imensa do povo, estão envolvidos com alta corrupção, lesando os cofres públicos em bilhões e quase levando à falência a maior de nossas empresas e, não contentes, carregando para a lama em que chafurdam, seus filhos, parentes, enfim sua própria família e amigos e, com tudo isto, trazendo prejuízos incalculáveis à população, responsáveis que são diretos pelo desemprego e pela crise econômica pela qual o país está passando.

     São os casos dos chamados “Mensalão” , “Petrolão” , “JBF” e outras investigações nas operações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal.

     Isto me faz sentir vergonha!

     Vejo magistrados, que deveriam militar exclusivamente pela Justiça, adotando posições comprometidas com interesses incompatíveis com a realidade e, assim, protelando decisões importantes para o país e para a Justiça.

     Isto me faz sentir vergonha!

     Vejo pessoas de bem, trabalhadores honestos, que por toda a vida trabalharam com honra e com ética, defendendo políticos que enriquecem, e muito, a si e a seus familiares e amigos próximos, em 4, 8 anos de mandato, o que só seria possível de  forma corrupta e fraudulenta, mesmo se considerado o alto salário e vantagens que recebem, em comparação com os salários dos trabalhadores que deveriam representar.

     Isto me faz sentir vergonha!

     Vejo pessoas de bem, mas desiludidas com a justiça,  lutando contra leis de desarmamento, na esperança de se armarem para resolver na bala assuntos que deveriam ser – e tem que ser – resolvidos pela Justiça, com a desculpa vazia de que precisam se defender com armas, uma vez que os criminosos estão armados.

     Isto me faz sentir vergonha!

     Vejo pessoas falando contra a intolerância, contra a homofobia, contra a discriminação, mas ignorando ou até mal-tratando seus parentes idosos, ensinando seus filhos a desafiar e desrespeitar seus professores, desrespeitando colegas em ambiente de trabalho, ou acadêmico, por conta da cor da pele, da religião, do sexo, ou da diferença de opinião.

     Isto me faz sentir vergonha!

     Mas vejo também muitos, muitos mais, verdadeiramente se colocando e, mais importante,  agindo contra a corrupção, contra os maus-políticos, contra os intolerantes, contra os adeptos da violência-contra-a-violência.

     Vejo muitas autoridades policiais e judiciárias, sérias, buscando punir pela Justiça, a criminalidade incrustada no meio político.

     Vejo pessoas retirando os antolhos que lhes encobria a visão e percebendo que só a Ética, a Honestidade, a Justiça merecem a defesa inconteste e que o crime, seja quem for que o tenha cometido, deve ser punido pela Justiça e que quem trai os bons princípios não merece ser honrado e defendido por quem sempre age, trabalha e vive honrosamente e honestamente.

     Não podemos nos deixar envergonhar, não devemos nos deixar obstruir a visão com os antolhos da militância cega, não podemos nos deixar conduzir por aqueles que não honraram nossa confiança.

     Sejam de que Partido forem, sejam de qual orientação política forem, sejam quaisquer acertos políticos que um dia possam ter conseguido, qualquer um que tenha traído o voto do povo, que tenha traído a Ética, a Honestidade, a Justiça, TEM QUE SER JULGADO, CONDENADO e PRESO.

     À nenhum político, autoridade pública ou partido político, nós, povo, devemos lealdade e obediência absolutas. Somente devemos ter e manter lealdade e obediência à princípios éticos, à honestidade e à justiça e, por conseguinte, àqueles políticos, autoridades públicas e partidos políticos que defenderem e praticarem, de forma clara, tais ideais, e enquanto eles os defenderem e honrarem.

     Por outra, cada um de nós tem a responsabilidade de escolher seus rumos, decisões e ações, não só pensando em seus próprios interesses, mas, também, e principalmente, no bem comum, no futuro que queremos para todos nós.

     É importante não nos deixarmos prender à políticos que traíram a nossa confiança, que roubaram, corromperam e foram corrompidos, na ambição desmedida pelo poder e pelo dinheiro. Não se enganem; eles não têm qualquer apreço por nós, povo, eles só pensam neles mesmos. Não se deixem vendar os olhos! Não se sintam obrigados a manter uma fidelidade a quem traiu a confiança e as esperanças de tantos de nós.

 
     É importante deixar claro que não compactuamos com a corrupção, com a criminalidade.

     Indigne-se!